O SETC foi fundado por Mel King, um professor emérito do MIT, sendo considerado o primeiro FabLab do mundo. O slogan é “aprender a ensinar, ensinar para aprender” (learn to teach, teach to learn). E a ética defendida entre os participantes é “se você aprendeu algo, você deve ensinar algo” (if you learn something, you have to teach something).
Eles não trabalham com professores, mas com aprendizes que se tornam professores. Baseados em Papert, eles sempre buscam fazer algo que seja significativo para os aprendizes. E buscam envolver ao máximo os jovens, fazendo com que os mais velhos ensinem os mais novos e pagando para os mais velhos levar seus conhecimentos às escolas. Para eles, quanto mais os jovens estiverem envolvidos com as atividades do SETC, melhor. Eles preparam os jovens ao longo de alguns meses e oferecem a eles a possibilidade de ter contato com vários conhecimentos, inclusive em parceria com o MIT: trabalham com Makey Makey, energia alternativa, processo de design para engenharia, etc.
Durante uma aula com crianças, o prof. Valente perguntou a elas se estavam se divertindo. Uma respondeu que sim. Quando o professor perguntou o que é diversão, a criança respondeu “programar” (coding).
Tivemos a sorte e o prazer de encontrar Mel King lá e conversar com ele. Na visão dele, a primeira pergunta que sempre se deve fazer ao se iniciar uma atividade de aprendizagem é “No interesse de quem estamos fazendo isso?” (in whose interest). É uma excelente pergunta que sempre devemos manter na cabeça, com certeza!
Este foi o único entre os centros que visitamos que tem uma associação explícita com causas sociais, estando imerso em um trabalho de apoio ao desenvolvimento de jovens humildes. Dentro de um olhar sistêmico da sociedade, na busca por oportunidades iguais, “in whose interest?” (é do interesse de quem?) torna-se uma preocupação existencial. Neste sentido, é interessante a maneira que “in whose interest” norteia a proposta pedagógica e metodológica, por exemplo, optando por mentorias entre jovens, tecnologia de ponta, e envolvimento da comunidade de todas as faixas etárias. É um ambiente baseado na comunidade buscando oferecer oportunidades para jovens carentes.
Apesar de alguns desafios legais que teríamos no Brasil, como a impossibilidade de pagar os jovens que agem como multiplicadores, é um modelo interessante para ações em comunidades carentes. Mas, similarmente ao discutido em Parts&Crafts, não há pretensão do SETC em ocupar o espaço de aulas formais das escolas.
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