Foi muito interessante visitar a Acera (school e lab), porque foi uma visão de como pode ser uma escola de verdade, reconhecida como escola pelo governo, com 200 estudantes e 7 anos de existência, totalmente orientada a projetos. A Acera trabalha com alunos do infantil ao fundamental. Mais uma vez vimos professores incríveis com brilho nos olhos, como na Parts & Crafts.

É uma escola privada, mas com um valor de mensalidade mais baixo que a média da região. Mas que é muito seletiva para alunos: avaliam QI e várias outras características para aceitar um. Dentro dos EUA, é conhecida como escola STEM: ciência (science), tecnologia, engenharia e matemática. Há um professor responsável para cada turma, e eles envolvem especialistas para levar conceitos específicos em projetos específicos, como engenheiros civis, cientistas da computação, artistas, músicos, biólogos, etc., alguns trazidos do próprio MIT para as atividades. Além dos alunos serem selecionados, é preciso reconhecer o nível de talento dos professores, com uma visão progressista da proposta pedagógica, além do capital social e intelectual disponível. São professores com formação e motivação acima da média, que fogem da sala de aula tradicional.

São oito salas, com entre 14 e 20 alunos, não restritos a uma série única (ou seja, pode ter um aluno do segundo e outro do quarto ano na mesma sala). Cada aula tem até 1,5h. Os mais velhos devem desenvolver projetos para os mais jovens, o que, certamente, ajuda os mais jovens a aprender o conceito específico e os mais velhos a desenvolver capacidades como comunicação, expressão, síntese, etc..

A estratégia de ensino eles denominam SEEDS: ciência, engenharia, estudo, design e contação de estórias. Todo o aprendizado é baseado em projetos, mas as crianças são obrigadas a documentar o que fizeram em um caderno, embora não gostem dessa atividade. Além de documentar o projeto, elas precisam pensar em como foi o processo de construção. O foco da escola é ensinar competências, trabalho em equipe, pensamento crítico, muito mais que conteúdos. Em um projeto eles usaram câmeras de R$ 10 chinesas para construir um microscópio.

Uma frase que ouvimos lá que é excelente para pensar: “um bom professor não precisa saber muito. Ele precisa saber princípios de design e compartilhar métodos” (“A good teacher don’t need to know too much”). Eles também se preocupam em dar liberdade para as crianças errar: “errem frequentemente, errem rapidamente, aprendam” (“fail often, fail fast, learn”).

Em uma aula que estava ocorrendo, 5 crianças de 5 a 6 anos, tentavam resolver um labirinto (Maze) usando Scratch Jr. A professora, uma descendente de brasileiros que falava português, tinha excelente formação (mestrado em Columbia). Ela indicou que usa 10 minutos para ensinar uma lição e depois deixa as crianças criando.

Além das salas, todas interligadas entre si para desenvolver uma cultura de comunidade, eles tem alguns espaços especiais, como um laboratório mais focado em eletrônica onde se podem encontrar makey makey, picoboard, leds, circuitos, e vários projetos “exemplo” para servir de inspiração.

A Acera é, sem dúvidas, uma escola diferente!

Quando comparamos com as outras iniciativas, é a que mais se aproxima a uma escola do Brasil. Se fossemos nos inspirar em uma das experiências para tentar mudar as aulas em uma escola formal, ela seria o melhor modelo, o mais bem trabalhado. É um excelente exemplo para os educadores participantes da rede de aprendizagem criativa.

Esta é uma típica sala de aula da Acera: muito mais parecido com um estúdio de criação

O lab de eletrônica

Exemplos de projetos

Veja mais em: Blog LIAG no MIT