Além dos ambientes focados em aprendizado, como o SETC, NuVu, Parts&Crafts, Acera, um ponto muito importante da visita foi entender o quanto a infraestrutura da cidade incentiva o interesse das crianças e jovens por tecnologia e o quanto viabiliza a criação de empresas da economia criativa. Espaços como o Museum of Science precisam ser criados no Brasil, se queremos que nossas crianças vejam o aprendizado como algo interessante, motivador e se integrem a um mundo a cada dia mais tecnológico. E espaços como o Artisam’s Asylum, mesmo que em escala menor, precisam ser semeados por aqui.

Algumas observações gerais sobre os ambientes de aprendizagem são apresentadas aqui.

    • Todos empregam uma razão pequena de teacher/coach para aluno/aprendiz (6:1 na NuVu, 14:1 na Acera, e mesmo a SETC manda 3 mentores para as salas de aulas nas escolas). Este tipo de atividade requer recursos humanos intensivos. A Susan (SETC) trabalha com os mentores 6 a 7 horas por dia ao longo de 3 semanas. O custo associado a isso pode dificultar iniciativas como essas no Brasil, em especial na área pública;
    • Nenhum dos ambientes visitados separa as crianças por idade. Os agrupamentos são flexíveis. Os espaços devem buscar com isso algum ganho em ter contato com pessoas de idades diferentes! Em ambientes não formais de ensino, isto não será um problema para o Brasil, mas é preciso analisar as implicações legais quando se fala em escolas formais;
    • A seleção dos projetos é um processo complexo. Quais os critérios de um bom projeto? É preciso encontrar um equilíbrio entre “direction/constraints” e opção aberta. Aparentemente, a NuVu é mais diretiva nesse sentido, com projetos pré-definidos e padrões para todos os alunos. Parts & Crafts parece ser o mais aberto, oferecendo uma liberdade total para as crianças, mas sem ter a pretensão de ser “escola”. Acera, aparentemente, fica no intermédio das duas;
  • Um outro ponto que será preciso um bom estudo no Brasil é com relação às possibilidades legais para algumas das ideias que conhecemos.  Não há, por exemplo, o conceito de escolas STEM no Brasil. Também precisa ser avaliado o quanto é factível, e legal, que certos conteúdos sejam apresentados por especialistas e não por pessoas com licenciatura, por “parceiros” e não professores de carreira.

Em resumo, todas as visitas nos abriram a cabeça para possibilidades reais de aprendizagem criativa que podem ser trazidas para o Brasil. Todos tem em comum o ensino baseado em projetos, atividades em grupo, mais liberdade para os alunos e incentivo a criatividade. Mas é importante avaliar como “traduzir” certas coisas para nossa realidade e possíveis restrições legais a alguns pontos.

Para nós, brasileiros, que tivemos essa experiência única de visitar o Media Lab, o LLK e tantas iniciativas incríveis na região de Boston, fica a eterna memória desses dias e a gratidão ao time do MIT e, em especial, ao Leo Burd, pela recepção que tivemos. Mas, mais importante, ficamos com a certeza que podemos fazer mais aqui no Brasil pela educação: a Aprendizagem Criativa pode ajudar a mudar a vida de nossas crianças e jovens e levar o nosso país para outro patamar de desenvolvimento econômico e social. Podemos contar com você, que está lendo este post? Esteja certo que você pode contar com nosso apoio! Que tal começar conhecendo e participando do grupo de aprendizagem criativa? É só clicar aqui e vamos junto mudar a educação do nosso país!