Em 1988 ingressei na UNICAMP. E naquele mesmo ano soube que a profa. Cecilia Baranauskas estava chamando uns alunos para participar de sua pesquisa. Aquele grupo ficou conhecido como “turma do Laranja”, Laranja que era um dos melhores alunos da minha classe. Entre os alunos surgiu a fofoca que talvez “rolasse” uma bolsa. E como eu estava quebrado financeiramente, naquele início de curso, resolvi tentar: e iniciei ali, meio sem querer, uma história que já dura 25 anos.

Comecei na turma do Laranja, onde a profa. Cecilia nos fazia aprender, “sozinhos”, a programar em Prolog (na época em computadores MSX). Amei o Prolog e ali comecei a me interessar por pesquisa. Embora meu primeiro contato tenha sido atrás de $, acabei ficando no NIED até o fim da minha graduação, como aluno de IC extra-oficial (sem bolsa). Tudo porque era interessante demais mexer com Prolog e ficar naquele ambiente pequeno, cheio de gente interessante onde sempre aprendia muito. Naquela época acabei construindo o programa Namorada, que fez muito sucesso em um ou outro evento do núcleo, em especial entre as “solteiras”. Era um programa que cadastrava as características suas e seus interesses e tentava fazer um casamento de padrões entre você e alguém que combinasse. Hoje, há dezenas de páginas da web que fazem isso, mas posso afirmar que minha ideia foi original, não foi copiada de ninguém.

Me formei, saí da UNICAMP e fui trabalhar. Mas um ano depois já estava com saudades daquele delicioso clima acadêmico. Procurei a profa. Cecilia e perguntei se não haveria como fazer um novo projeto no NIED, desta vez como mestrando. E iniciei os trabalhos com o uso de informática aplicada na formação de profissionais em empresas. Além de trabalhar com IA, paixão antiga, passei a trabalhar com formação de profissionais e com Lean, coisas que já estavam no roll dos meus maiores interesses. Foram outros 10 anos (94 a 2004) no NIED, desta vez como pós-graduando. Um período onde tive a possibilidade de apresentar meu projeto para o Papert, um mito na área de informática na educação, além de poder conhecer vários outros pesquisadores mundialmente reconhecidos. Um período onde pude conhecer, através dos meus trabalhos, Bulgária, Japão, Inglaterra, Rússia e uma dezena de cidades no Brasil. Um período que começou com o prof. Valente, um dos maiores nomes de IE no Brasil me desafiando a fazer o que eu me propus no mestrado, algo que me deixou ainda mais motivado a seguir em frente e que terminou com o prêmio de melhor trabalho de doutorado no SBIE de 2004.

Em 2006 eu voltei como professor à UNICAMP. E, logo em seguida, pedi para ingressar no NIED. Foi um sonho realizado voltar ao NIED, desta vez como professor e membro oficial, podendo compartilhar com os professores que sempre admirei Valente, Cecilia e Heloisa. E podendo fazer projetos conjuntos com pesquisadores como o João Vilhete. Além de voltar ao contato de todos os outros membros do NIED que sempre me acolheram tão bem.

No último mês o João foi eleito o novo coordenador do Núcleo. E, para minha surpresa, eu fui convidado a ser seu coordenador-associado.  Para quem começou na “turma do Laranja”, isso é praticamente um sonho. Depois de 25 anos no NIED, nos mais variados formatos, agora tenho a missão de ajudar o João na difícil tarefa de manter o NIED  como referência nacional em informática na educação, algo que conquistou ao longo dos 30 anos de sua existência. Justo no mesmo ano em que tenho a missão de coordenar o CBIE, evento que agregou o SBIE, onde fui premiado há 9 anos atrás.

Estou muito feliz em poder enfrentar esses novos desafios. Estou muito feliz por poder continuar interagindo com um grupo tão interessante como o NIED. E espero conseguir retornar ao núcleo tudo que ele me proporcionou nesses nossos 25 anos de histórias conjuntas. Valeu João pelo convite! Valeu NIED!